¨Agenda ESG e reputação caminham juntas, e as empresas inteligentes sabem disso¨, afirma Sonia Consiglio.
Em entrevista exclusiva, Sonia Consiglio, SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e autora do livro “#vivipraver – A história e as minhas histórias da sustentabilidade ao ESG, amplia nossa visão sobre a agenda ESG, reputação e equidade de gênero.
Há 20 anos, Sonia vem se destacando nas áreas de sustentabilidade, negócios e responsabilidade social corporativa. Conhecida por ser uma defensora da adoção da agenda ESG (Environmental, Social, and Governance) nas empresas, sua atuação tem contribuído para que o setor privado brasileiro se destaque internacionalmente em práticas de sustentabilidade. Neste bate-papo, ela compartilha sua opinião sobre os temas mais recorrentes do momento: ESG, reputação e equidade de gênero.
Confira:
– Você acredita que o protagonismo feminino vem ganhando força dentro das organizações? Como você enxerga esse momento?
¨O protagonismo feminino está ganhando força e promete ser uma mudança significativa no cenário empresarial. Nos últimos anos, a diversidade de gênero tem sido amplamente discutida, e agora estamos colhendo os frutos dessa maior visibilidade. As empresas estão implementando programas e políticas para promover a ascensão das mulheres, o que resulta em mais oportunidades de liderança e protagonismo. O futuro das empresas está sendo moldado por essa transformação, com uma perspectiva mais diversa e equilibrada. A sabedoria reside no meio, e estamos caminhando para uma realidade mais igualitária e inclusiva. As sementes foram jogadas nos últimos anos e a gente começa a colher e ter realmente um caminho fértil para a ascensão das mulheres na liderança¨.
– Quais são os maiores desafios no processo de gestão, quando se fala em equidade de gênero?
¨Promover a equidade de gênero requer enfrentar alguns desafios importantes. O primeiro deles é o conhecimento profundo da agenda da diversidade, compreendendo conceitos e informações essenciais para dar o devido valor ao tema. Outro desafio é a busca por inovação, abrindo espaços para novos formatos e lideranças. Isso envolve experimentação e a criação de uma nova lógica para alcançar a equidade de gênero nas empresas. O propósito da empresa também é fundamental. É necessário entender como a promoção da equidade de gênero se alinha com a cultura e a verdade da organização. Isso implica em uma análise profunda para garantir que as ações implementadas sejam adequadas e aceitas pela cultura da empresa. Superar esses desafios é um passo importante para alcançar a equidade de gênero, permitindo que as empresas avancem em direção a um ambiente mais inclusivo e diverso. O conhecimento, a reflexão sobre vieses, a inovação e o alinhamento com o propósito são caminhos essenciais para promover mudanças significativas nesse contexto¨.
– Mudando o foco para ESG, como você vê o momento atual das empresas brasileiras no avanço dessa agenda?
¨As empresas brasileiras são altamente motivadas, engajadas e líderes na agenda de sustentabilidade. Elas não apenas acompanham, mas também lideram iniciativas internacionais nesse campo. Essa visão é impulsionada pela compreensão de que a sustentabilidade é uma demanda global, cobrada por investidores e integrada nas regras de mercado. O setor privado brasileiro se destaca por estar à frente, protagonizando e adotando as melhores práticas de sustentabilidade. Isso é motivo de orgulho, pois o país se tornou uma referência em práticas sustentáveis e é visto como exemplo em diversos casos. Embora haja diferentes níveis de adoção da agenda, de forma geral, as empresas brasileiras estão atentas e atuando intensamente na pauta ESG¨.
– Como você avalia a nossa visão de que a agenda ESG e a construção da reputação caminham de mãos dadas?
¨A conexão entre ESG e reputação é inegável. Essa agenda traz tanto oportunidades quanto riscos para as empresas. Aquelas que não estão atentas correm riscos, enquanto as que valorizam a agenda colhem as oportunidades. A reputação é diretamente impactada, podendo ser construída ou destruída com base na adoção da agenda ESG. Pesquisas comprovam essa relação, mostrando que a correlação entre ESG e reputação é a mais significativa entre todos os itens avaliados. Portanto, é essencial que as empresas considerem a sustentabilidade em sua estratégia para construir uma reputação sólida. Ignorar essas questões pode levar a sérios abalos reputacionais em caso de crises ambientais ou sociais não gerenciadas adequadamente.¨
– Para finalizar, nossa visão é de que a reputação é um ativo tão importante que aqueles que desenvolvem as estratégias de perenidade das empresas precisam olhar esse tema com maior atenção. O que você acha?
¨A reputação ativa é um tema crucial que os conselhos de administração precisam considerar. Embora haja diversidade na forma como cada conselho aborda essa questão, é indiscutível que a reputação é um ativo de extrema importância. A pandemia trouxe à tona a necessidade de lidar com questões interligadas, como as de cunho social, ambiental, governança e econômico. Nesse contexto, a reputação ganhou ainda mais destaque, juntamente com outras agendas intangíveis. Para os conselhos que ainda não estão atentos à reputação, há um risco considerável e oportunidades valiosas podem ser perdidas. Portanto, é fundamental que esse tema ocupe espaço prioritário nas agendas dos conselhos, garantindo que as empresas possam prosperar em um cenário cada vez mais complexo e conectado¨.
Saiba mais sobre Sonia Consiglio
Jornalista e radialista, Sonia Consiglio atua com sustentabilidade, comunicação e investimento social privado há mais de vinte anos, com passagens por BankBoston, Febraban, Itaú Unibanco e B3. Foi reconhecida em 2016 pelo Pacto Global da ONU como “SDG Pioneer”, uma das dez pessoas do mundo que trabalham pelo avanço dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
É membro do Conselho Curador da FIA Business School e do Conselho Consultivo da BrazilFoundation. Vice-presidente do Conselho Consultivo do CDP e membro do Conselho Técnico do Instituto Ekos Brasil. Atua como Conselheira de Administração e membro de Comitês de Sustentabilidade de várias organizações. É colunista da Nova Brasil FM e Top Voice de Sustentabilidade pelo LinkedIn e autora do livro “#vivipraver – A história e as minhas histórias da sustentabilidade ao ESG” – Editora Heloísa Belluzzo.
Foi Diretora da B3 e Presidente do Conselho Deliberativo do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial por dez anos, Presidente do Board da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, Presidente do Conselho Consultivo da GRI Brasil e membro do Stakeholder Council da GRI – Global Reporting Initiative, Amsterdam.