“A universalidade do acesso à energia no Brasil é um desafio que estamos, como país, vencendo com investimentos constantes das empresas de distribuição de energia. Falta, no entanto, o enfrentamento do preço acessível.¨
Nesta entrevista exclusiva, Gil Maranhão, membro do Comitê Executivo e diretor de Comunicação, Sustentabilidade e Transição Energética da ENGIE Brasil, aborda os desafios e as oportunidades da transição energética no país. Ele destaca a importância de engajar todos os stakeholders para a adoção de práticas mais sustentáveis e detalha a estratégia da empresa de fortalecer sua marca por meio de parcerias com programas esportivos brasileiros.
Desde 2023, a ENGIE tornou-se uma geradora de energia elétrica 100% a partir de fontes renováveis. Quais são as principais frentes de atuação da empresa visando fortalecer seu papel na transição energética no Brasil?
“A ENGIE atua em diversas frentes para promover a transição energética no Brasil, alinhada ao propósito do Grupo e ao objetivo estratégico de ser Net Zero até 2045. Por exemplo, investimos 100% em geração de energia renovável e em linhas de transmissão, que conectam a energia renovável de usinas aos centros de carga, substituindo fontes não renováveis; no transporte de gás natural, que permite que o gás seja uma opção para consumidores que hoje utilizam combustíveis fósseis mais emissores; e na descarbonização de processos industriais e municipais, como a iluminação pública. Outra frente importante é a descarbonização de nossa cadeia de suprimentos, a fim de garantir que todos os nossos processos se estendam por toda a nossa cadeia produtiva.¨
A partir do propósito de “agir para acelerar a transição rumo a uma economia neutra em carbono” e do compromisso de atingir o status “Net Zero” em 2045, como a ENGIE está engajando seus stakeholders na jornada ESG?
“O engajamento de nossos stakeholders ocorre de diversas formas. Começamos pelos colaboradores, nosso público interno, oferecendo treinamentos e cursos contínuos para que todos compreendam e contribuam para o alcance de nossos objetivos. Em seguida, direcionamos nossos esforços para os clientes, buscando engajá-los em suas próprias jornadas de descarbonização por meio de nossas soluções energéticas renováveis. Paralelamente, trabalhamos com nossos fornecedores para que compreendam e atendam aos nossos elevados padrões de sustentabilidade.
Buscamos também o engajamento de nossos financiadores e acionistas, incentivando investimentos contínuos na ENGIE, baseados nas entregas que a empresa realiza no Brasil. Além disso, interagimos com reguladores e formadores de políticas públicas para alinhar os direcionamentos governamentais aos anseios do setor privado por uma economia mais sustentável.
Para ajudar nesse processo de entendimento sobre o que está em jogo na transição energética para uma economia menos dependente em carbono, gerando conscientização e finalmente engajamento, lançamos há 3 anos um portal de conteúdo próprio e curado – o Além da Energia. A busca de informação foi tão grande que hoje estamos com 5 milhões de leitores, e já publicamos 1.200 matérias, incluindo artigos e entrevistas com stakeholders.”
Na sua opinião, qual a importância do projeto de gestão da reputação da empresa com monitoramento contínuo e construção de indicadores para a área de Comunicação da ENGIE?
“A reputação de uma empresa é um ativo que sempre foi importante. Mas, atualmente, devido às complexidades da sociedade conectada e digital, tornou-se tema essencial para a gestão de comunicação da empresa. Estamos sob escrutínio constante da população, que tem voz e vez nas redes sociais. Esse contexto tornou mais sensível a gestão da reputação, e a mensuração e a qualificação de indicadores em tempo real são fundamentais para uma tomada de decisão assertiva.”
Poderia contar um pouco mais sobre o Portal Além da Energia e como ele tem contribuído para os objetivos definidos pela empresa na transição energética, além de contribuir em termos de visibilidade da marca e reputação corporativa?
“A internet é um ambiente aberto e democrático, e essa característica faz com que tenhamos conteúdos diversos sobre todos os temas. Esse volume colossal e pontos de vista tão diferentes, muitas vezes, dificultam a compreensão do que realmente é importante, e daí não desperta engajamento. E isso também é verdade para o tema Transição Energética.
Por isso, decidimos, em 2020, investir num portal próprio onde a autoridade de marca da ENGIE chancela os conteúdos publicados sobre transição energética, energias renováveis, mercado livre de energia, cidades sustentáveis e tantos outros. Desta forma, contribuímos com a indústria com uma plataforma que é da ENGIE, mas não é sobre a ENGIE, visto que menos de 20% do conteúdo diz respeito a notícias da empresa.
Para além desse serviço editorial, o Além da Energia leva a marca da ENGIE a milhões de usuários todos os anos, atuando como ponto de contato de nossa marca com pessoas que, eventualmente, não são impactadas por nossas outras ações de comunicação. Como tudo que fazemos na comunicação corporativa deve cumprir o objetivo de tornar a nossa marca mais forte, o Além da Energia dá sua contribuição ao awareness da ENGIE e ao fortalecimento de nossa reputação.”
Tendo em vista o ODS7 – Energia limpa e acessível, o que você considera como pontos fortes e desafios do Brasil rumo à meta 7.1, de “até 2030 assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia”? E como as empresas podem colaborar, com suas iniciativas de comunicação?
“A universalidade do acesso à energia no Brasil é um desafio que estamos, como país, vencendo com investimentos constantes das empresas de distribuição de energia. A confiabilidade é outro aspecto técnico que a robustez do Sistema Interligado Nacional vem assegurando com leilões e investimentos em geração, transmissão e distribuição. Falta, no entanto, o enfrentamento do preço acessível. Vivemos um dilema de energia barata e tarifa cara devido a vários fatores, com excesso de encargos e a subsídios desnecessários ou que já cumpriram o seu papel.”
Você poderia nos contar um pouco sobre as recentes campanhas de comunicação da empresa?
“A ENGIE tem uma clara estratégia de construção de marca via território do esporte. Desta forma, nossas campanhas mais recentes se utilizam do esporte para trazer três diferentes camadas de comunicação que buscam diferenciar nossa mensagem daquelas que nossa concorrência utiliza ou que o setor elétrico historicamente usou. Assim, com a nossa agência de publicidade ÁSIA, desenvolvemos a campanha de TV “Transição energética: esse é o nosso esporte”, em que conectamos as riquezas naturais da água, do vento e do sol com fontes de energia renovável, mas trazendo o protagonismo para as pessoas, humanizando nossa mensagem.”
E no território específico do Tênis, lançamos a campanha “O Peso da Desigualdade”, também em parceria com a ÁSIA, em que jogamos luz a um aspecto pouco falado no mundo do esporte: a diferença de oportunidades, visibilidade, patrocínios e recursos que existe entre homens e mulheres. Essa mensagem deu voz às tenistas brasileiras que hoje se destacam no cenário internacional e reforçou nosso posicionamento de equidade de gênero, que é um objetivo estratégico global do Grupo.
Essas mesmas tenistas estrelam uma terceira campanha da ENGIE voltada à venda de energia no mercado livre. Assim, conseguimos falar de negócios ao mesmo tempo em que posicionamos a marca ENGIE num patamar reputacional muito elevado, o que só aumenta nossa responsabilidade.”
Quer saber mais sobre a reputação das empresas de energia no Brasil e no mundo? Acompanhe os resultados do nosso último relatório global do setor.
Sobre Gil Maranhão
Gil Maranhão é membro do Comitê Executivo e diretor de Comunicação, Sustentabilidade e Transição Energética da ENGIE Brasil. Atua também na coordenação dessas áreas no hub regional da ENGIE da América do Sul. Juntou-se à ENGIE em 1996, quando ingressou na Tractebel Energy and Gas International, empresa com sede na Bélgica, como gerente delegado para o Brasil.
Gil trabalhou em diversas outras atividades, como desenvolvimento de negócios, fusões e aquisições, inovação, estratégia e relações comerciais e institucionais, além de conselhos de empresas da ENGIE no Brasil. É também membro eleito do Conselho de Administração da International Hydropower Association, membro do Conselho da Cidade do Rio de Janeiro, e Oficial da Ordem do Rei Leopoldo da Bélgica. Gil Maranhão é graduado em Engenharia Civil, com especializações em construção e estatística aplicada, além de MBA em mercado de capitais. Sua experiência anterior se deu em bancos de investimento e na construção civil.